1. Quem é Émile
Durkheim?
Durkheim,
nascido em 15 de abril 1858 na cidade francesa Épinal, fazia parte de uma
família pobre de origem judia. Em 1879 ingressou na Escola Normale Supérieure e
sai em 1882 com o título de Agrégé de Philosophie. Em 1882 realiza concurso
para docência em filosofia e é nomeado professor em Sens e Saint-Quentin. Em
1885 vai estudar ciências sociais em Paris e na Alemanha, onde permanece por um
ano, é nomeado professor de pedagogia e ciência social na Faculdade de Letras
da Universidade de Bordéus (primeiro curso de sociologia nas universidades
francesas).
Pouco tempo
depois, mais precisamente entre os anos de 1893 e 1895, Durkheim redigiu as
suas duas principais obras: Da divisão do Trabalho Social e As Regras do Método
Social e As Regras do Método Sociológico.
A partir dessas
obras constituiu com elas outras idéias, o desenvolvimento de um conceito
acerca da consciência coletiva, nos quais a abordagem leva em consideração o
conjunto de crenças e sentimentos comuns que refletem as inúmeras relações entre
os membros de uma determinada sociedade.
Para Durkheim o
fundamental para uma sociedade alcançar uma evolução e/ou desenvolvimento é
necessário que a nação ou país focalize seus investimentos na educação, como
base do processo, sendo que de acordo com o nível de educação elevado
certamente iria produzir um melhor desenvolvimento.
Foi um dos primeiros a dizer como
é e como funciona a sociedade. Ele é
considerado o Pai da Sociologia porque foi ele quem criou as regras de como se
trabalhar cientificamente com a Sociologia. Elas estão descritas no seu livro
“As regras do método sociológico”.
Durkheim é uma
pessoa funcionalista, e isso significa que na sociedade tudo deve cumprir uma
determinada função para a saúde do todo. Ou seja, para ele a Sociedade seria
como um corpo humano, onde cada parte, ou órgão, deve cumprir sua função para a
saúde do corpo.
Fonte:
Por Eduardo Freitas
2. Qual sua relação com o
Positivismo?
Durkheim em
relação ao pensamento positivista acredita que a sociedade possa ser analisada
da mesma forma que os fenômenos da natureza. A sociologia tem, assim, como
tarefa, o esclarecimento de acontecimentos sociais constantes e recorrentes. O
papel fundamental da sociologia seria o de explicar a sociedade para manter a
ordem vigente.
Ao desenvolver a
sistematização de seu pensamento sociológico, Durkheim diferenciou-se de
Saint-Simon e Comte, uma vez que seu aparato conceitual foi além da reflexão
filosófica, constituindo um corpo elaborado e metódico de pressupostos teóricos
sobre a problemática das relações sociais. Em função desses aspectos teóricos
originais, os estudos de Durkheim ganharam relevância para as ciências da
sociedade, tornando-se parâmetros para vários ramos de pesquisa sociológica até
nossos dias.
Para ele, a
Sociologia deveria ser um instrumento científico da busca de soluções para os
desvios da vida social, tendo, portanto, uma finalidade dupla: além de
explicar os códigos de funcionamento da sociedade, teria como missão intervir
nesse funcionamento por meio da aplicação de antídotos que pudessem diminuir os
males da vida social. Em sua compreensão, a sociedade, como qualquer outro
organismo vivo, passaria por ciclos vitais com manifestações de estados normais
e patológicos, ou seja, saudáveis e doentios. O estado saudável seria o de
convivência harmônica da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, já
o estado doentio seria caracterizado por fatos que colocassem em risco essa
harmonia, os acordos de convivência, o consenso.
As Regras do
Método Sociológico constituem a obra positivista de Durkheim por excelência, já
que é nela que podemos identificar a defesa explícita dos principais elementos
que constituem o positivismo.
3. Como Durkheim dividia a Sociologia?
Durkheim considera a Sociologia
como uma ciência positiva, sendo assim, ela não se limita a apenas um
problema, antes, ela abrange uma gama
bastante diversa de problemas sociais. Existem ramos na Sociologia, como
em qualquer outra ciência, e esses ramos são mais específicos e estudam mais
detalhadamente os acontecimentos sociais. A divisão é a seguinte:
· Morfologia
social - Estudo do ambiente geográfico que cada povo se localiza e as
respectivas relações com a organização social. Além de estudar aspectos da população, como densidade, volume e
distribuição geográfica.
·
Fisiologia social - Estudo das funções e manifestações vitais da
sociedade, subdivida em:
Sociologia Religiosa -- Estudo da
religião e crenças dos povos e suas influencias sociais.
Sociologia Moral -- Estudo das ideias morais e os
costumes.
Sociologia Jurídica -- Estudo do caráter social das
instituições jurídicas.
Sociologia Econômica -- Estudo das relações
econômicas sociais e os diferentes tipos de instituições.
Sociologia Linguística -- Estudo da linguagem
característica de cada segmento social e suas influências com a sociedade.
Sociologia Estética -- Estudo da arte e das marcas
autorais de acordo com a época de origem e com o temperamento dos grupos
sociais que as obras se dirigem.
·
Sociologia Geral - Estudo dos diversos tipos de fatos sociais, que
apesar de serem bastante diferentes entre si, pertencem ao mesmo gênero. E cabe
a Sociologia
Geral investigar esse gênero comum. É uma ciência de síntese.
ESQUEMA
DURKHEIMIANO
4. Por que é da natureza das próprias ciências
positivas não serem jamais acabadas?
É a da própria natureza das
ciências positivas não serem acabadas, porque as realidades de que se tratam
são muito complexas para poderem ser algum dia esgotadas. São baseadas em
experimentos e análises da realidade, seus valores podem ser questionados e
modificados. Como uma ciência empírica, ela é baseada na observação pessoal, e
nem sempre, estão completas e/ou corretas. Está sempre se aprimorando.
5. Qual a relação entre moral e a vida
social para Durkheim?
“A vida social não é outra coisa que o meio
moral, ou melhor, o conjunto dos diversos meios morais que cercam o indivíduo”
(Durkheim)
“A
moral é um sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve
conduzir-se em determinadas circunstâncias” (Durkheim)
A concepção de sociedade
elaborada por Durkheim faz da vida social um fenômeno essencialmente
moral.
Para Durkheim,
sempre que há sociedade há altruísmo e, portanto, vida moral. Nossa conduta
propriamente social não se orienta apenas para a satisfação de nossos
interesses e não faz dos outros um meio para a obtenção de nossos fins. A vida
social exige de nós sacrifícios e renúncias, desempenhamos nossos deveres
motivados pelo sentimento de obrigação, pelo senso do dever. O homem
submete-se à moralidade social como forma de proteção, embora muitas vezes seja
inconsciente ou não expressa. Em outras palavras, o homem aprende que a melhor
forma de fazer o bem para si é fazendo o bem para os outros, não por que acha
bonito, mas por que sabe que negar essa realidade e agindo de forma contraria,
estará causando-lhe consequências e será julgado por suas falhas.
À medida que um grupo
social cresce, aumenta também a pressão coletiva em cima do indivíduo. Nesse
universo, cada pessoa é Juiz e Réu. Em momentos diferentes, a mesma regra que é
vista como uma obrigação rígida e taxativa é avaliada como maleável e correta
quando se é utilizada para interesses próprios.
6. O que é um fato social?
Os fatos sociais possuem um papel
central na teoria sociológica de Émile Durkheim. Para ele, são tudo aquilo
que habita nossas mentes e que serve para
nos orientar sobre como devemos ser, nos sentir e nos comportar, demandadas
externamente aos indivíduos por possuírem um alto poder coercitivo.
Isto é, o que as
pessoas sentem, pensam ou fazem independente de suas vontades individuais, é um
comportamento estabelecido pela sociedade, não totalmente próprio de si mesmo.
Não é algo que seja imposto especificamente a alguém, é algo que já estava lá
antes e que continua depois e que não dá margem a escolhas. São diferentes
dos fenômenos orgânicos e dos psíquicos, pois constituem uma espécie nova de
fatos. São fatos sociais: regras jurídicas, morais, dogmas
religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, etc.
Durkheim
contraria, assim, Auguste Comte, pois ele acredita que as sociedades nascem,
crescem e morrem, independentes umas das outras, não havendo ao longo de suas
vidas uma evolução. Elas são de jeito que as sociedades antigas já eram, e as
sociedades vindouras será apenas uma repetição das sociedades anteriores a
elas. Quando uma sociedade é extinta de algum lugar, sua sucessora constituirá
uma sociedade totalmente nova e não a igual à extinta com características
novas.
São exemplos de
fatos sociais: dogmas religiosos, sistemas financeiros, costumes, regras
jurídicas, entre outros.
As três características básicas de
um fato social são:
§ Coercitividade -
característica relacionada com a força dos padrões culturais
do grupo que os indivíduos integram. Estes padrões culturais são
fortes de tal maneira que obrigam os indivíduos a cumpri-los.
§ Exterioridade - esta
característica transmite o fato desses padrões de cultura serem
"exteriores aos indivíduos", ou seja, ao fato de virem do exterior e
de serem independentes das suas consciências.
§ Generalidade - os fatos
sociais existem não para um indivíduo específico, mas para a coletividade.
Podemos perceber a generalidade pela propagação das tendências dos grupos pela
sociedade, por exemplo.
“Certos
tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores ao individuo, são
também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe
impõem, quer queira, quer não.”
7. Qual a relação entre o comportamento individual
e as maneiras de ser coletivas?
Fatos sociais são externos aos
indivíduos, assim, podem ser diferentes dos pensamentos das pessoas. Porém,
eles têm a alta capacidade de coerção, isto é, fazem as atitudes das pessoas
serem independentes de suas vontades próprias, são determinadas pelos fatores
externos a elas (coletividade).
As pessoas não devem apenas seguir obrigações
independentemente de sua vontade, são desejos delas segui-las. Os indivíduos
não se realizam fora da sociedade ou do grupo ao qual pertencem. Só no meio de
um grupo social, as pessoas encontram segurança para levar suas vidas. Com
isso, a sociedade é para os indivíduos um conjunto de deveres estranhos a eles,
mas com uma leva de direitos e deveres dos quais eles precisam.
Manifestações de
entusiasmos, indignação, piedade, etc. chegam a cada indivíduo do exterior e
não têm sua origem em nenhuma consciência particular. Se um indivíduo
experimentar opor-se a uma destas manifestações coletivas, os sentimentos que
nega voltar-se-ão contra ele. As pessoas são então vítimas de uma ilusão que
nos faz acreditar termos sido nós quem elaborou aquilo que se nos impôs do
exterior. Elas foram sua presa, mais do que seus criadores.
Diferentes
sociedades enxergam diferentes fatos de formas diversas. Por exemplo, o
casamento é uma instituição falida em países, sobretudo do norte europeu, mas
em muitos países de tradição católica, como os latino-americanos, continua a
ser um desejo da maioria das mulheres. Em uma pesquisa realizada em 2008,
mostrou-se que o povo brasileiro era o mais confiante em sua felicidade futura
no mundo, num levantamento realizado em 132 países. Durkheim explicaria esse fato
com a percepção de que a sociedade brasileira no geral precisa de pouco para
ser feliz, ao passo que na Europa num momento de crise como o vivido em 2008 as
sociedades não viam seus países com um futuro brilhante pela frente.