1. Quem é Auguste Comte?
Isidore
Auguste Marie François Xavier Comte, mais conhecido como Auguste Comte foi um filósofo e sociólogo,
fundador do positivismo, nascido em Montpellier, França, em 19 de janeiro de
1798. Comte veio de uma família monarquista e católica.
Como nasceu nove anos
após a revolução francesa, momento no qual a burguesia alcançou o poder
político, recebeu na escola uma formação dentro da tradição revolucionária
burguesa, que consistia em estudos de Ciências e Filosofias Iluministas. Aos
catorze anos se declarou republicano e anticlerical, e cinco anos mais tarde
começou a se afastar da própria tradição revolucionária. Em 1814, aos dezesseis anos de idade, com interesse
pelas ciências naturais, ingressou na Escola Politécnica de Paris.
Um de seus primeiros empregos foi o de secretário do Conde Henri de
Saint-Simon, o primeiro filósofo a ver claramente a importância da organização
econômica na sociedade moderna, e cujas idéias Comte absorveu, sistematizou com
um estilo pessoal e difundiu. Depois de um desentendimento com Saint-Simon,
Comte se afastou e virou professor na escola politécnica, momento em que
escreveu sua principal obra, O curso de Filosofia Positiva.
Comte sofreu duas crises nervosas e, recuperado de seu segundo colapso,
se dedicou à sua segunda grande obra, Sistema
de Política Positiva ou tratado de sociologia que institui
a religião da humanidade, reunida em quatro volumes e escrita entre os anos
de 1851 e 1854. Nessa obra, Comte defendeu a primazia da emoção sobre o
intelecto, do sentimento sobre a racionalidade. Por outro lado, distorceu a
proposta de disciplina eclesiástica de Saint-Simon criando a Religião da
Humanidade.
Quando o Sistema apareceu, Comte escandalizou e perdeu
a maioria dos seguidores racionalistas que ele havia conquistado com tanta
dificuldade nos últimos quinze anos. Ainda assim sua religião positiva se
espalhou pela França, Inglaterra e sobretudo na América. Fundou
a Sociedade Positivista, que se transformou no centro principal de seu ensino.
Os membros se cotizaram para assegurar a subsistência do mestre e fizeram os
votos de espalhar sua mensagem. O moto da Igreja Positiva era amor, ordem e
progresso. O jovem estudante de passeata agora pregava as virtudes do amor, da
submissão e a necessidade da ordem para o progresso social.
Comte faleceu em Paris, dia 5
de setembro de 1857.
2. Qual a importância do
seu pensamento?
O pensamento de Comte baseava-se numa idéia evolutiva de sociedade, em
que a humanidade deveria passar, primeiramente, por dois estágios: o teológico
e o militar. O terceiro seria o ápice da evolução social: o estágio positivo.
Dentro desta perspectiva, acreditava-se que o Estado seria o grande responsável
em patrocinar o bem social. A influência desse pensamento no período monárquico
promoveu uma compreensão de que o regime que mais se aproximaria do ideal
positivista não poderia ser a Monarquia, mas sim a República. Partindo desse
mesmo pensamento, o positivismo influenciou o Brasil, que na época da
Proclamação da república, caracterizou o projeto republicano pela ideia de um
poder centralizado e forte, viabilizando o progresso do país. A representação
do Brasil, sua bandeira, possui os dizeres ‘ordem e progresso’, extraídos da
frase ‘O amor por
princípio, a ordem por base, o progresso por fim’, fórmula máxima do
positivismo. A frase tenta passar a ideia de que cada coisa em seu devido lugar
conduziria para a perfeita orientação ética da vida social, ou seja, sem ordem
e progresso não haveria Estado.
Além dessas
influências, o pensamento de Augusto Comte se impregnou na mentalidade de
intelectuais, políticos e grupos sociais diversos em todo mundo no século XIX,
refletindo-se também na cultura, como no Parnasianismo. Atualmente,
seu pensamento ainda é alvo de admiração pela notável unificação que alcançou
entre a filosofia humanística e o pensamento científico.
3. Quais as principais ideias de Comte?
Auguste
Comte viveu e baseou sua obra de acordo com a França pós-revolucionária, ele
defendia os ideais da Revolução de 1789 ("Liberté, Egalité, Fraternité"). Comte é contra a restauração da monarquia e se preocupa bastante com
a reestruturação da nova sociedade francesa. Ele também adotou ideais
republicanos e liberais.
Comte dividia sua obra em duas partes: O Estático e o
Dinâmico, correspondentes à Ordem e ao Progresso.
Dizia
que toda mudança, progresso, tinha que estar em constante harmonia com a ordem
social. Pode-se dizer, que Comte adotava uma visão mais conservadora, pois, a
mudança era condicionada à ordem e não podia, então, acarretar alterações
profundas no sistema social.
Uma frase
que pode resumir o pensamento Comteano é: "Nem restauração, nem
revolução!".
Em
suma, a ordem e progresso, presentes inclusive na nossa bandeira nacional e
símbolo das influências deste grande pensador na cultura brasileira, mostra
claramente que a "Ordem" está intrinsecamente relacionada ao
"Progresso", pois ela é a base para qualquer mudança.
4. O que é positivismo?
Auguste Comte propõe uma nova forma de visão acerca dos fenômenos, entre
eles, os Naturais e os Sociais; essa visão é chamada Positivista. O Positivismo
nada mais é do que a oposição entre racional x ideal, isto é, a visão
positivista não leva em consideração aspectos da Teologia ou Metafísica,
somente o físico, material, tem importância, e para analisarmos e chegarmos no
"Positivo" devemos utilizar da observação. Não há espaços para
dúvidas, interpretações ou particularidades, no Positivismo impera a precisão e
a razão.
Podemos
citar a Lei dos Três Estados, que mostra a evolução do pensamento do homem, até
chegarmos aos dias de hoje:
i) Teológico:
O homem explica a sua realidade por motivos sobrenaturais, pelos deuses, e
busca saber da sua origem.
ii)
Metafísico: É um estágio de transição entre o Teológico, visão focada em
motivos divinos, e o Positivo, visão concreta, racional, dos acontecimentos e
fenômenos. Algumas características teológicas permanecem, como a busca da
origem e do destino. Predomínio do abstrato.
iii) Positivo:
Estágio final de evolução do pensamento do homem. Não há mais explicações
sobrenaturais para os fenômenos do dia a dia, ao contrário, busca-se a
constante observação empírica para a efetiva análise das "coisas".
Agora, predominam questões como os processos e etapas que os fenômenos
acontecem (não mais é necessário saber a origem), e suas relações com as leis
naturais, quer dizer, atributos necessários para existência.
5. Discuta a relação
entre ciência social e Biologia.
Por possuir partes comuns à biologia e às ciências sociais, o estudo
biológico do comportamento humano, conhecido como sociobiologia, sempre
representou uma interface entre as duas áreas. A sociobiologia nasceu como um
ramo da etologia, disciplina que estuda o comportamento social dos animais,
sendo consequência de uma série de novas teorias e modelos sobre o
comportamento e sobre a seleção natural formulados nos anos 60 e 70, por
teóricos como: Richard Dawkins, autor de o "Gene Egoísta" (1976); Edward Osborne Wilson, autor de
"Sociobiology: the new synthesis"; Robert Trivers, autor de conceitos
correntes da Sociobiologia como representatividade
genética e altruísmo recíproco; W. D. Hamilton, autor de conceitos como a seleção
de parentesco; entre outros.
Relacionar a biologia com as ciências sociais, porém, sempre foi tema de
discussão. Grandes diferenças
entre a sociobiologia e as ciências sociais começam a surgir a partir do
momento em que observam-se muitos
pesquisadores contrários à idéia que a sociobiologia propõe: que comportamentos
e sentimentos animais, também existentes nos seres humanos, como o altruísmo e a agressividade, são
geneticamente herdados, e não são apenas cultural ou socialmente adquiridos. Já
para os cientistas sociais diferenças
entre os grupos populacionais não podem estar associadas a uma suposta
diversidade biológica, são adquiridas com o passar do tempo. Isto
retorna à premissa de Thomas Hobbes, segundo a qual o ‘’homem é o lobo do
homem’’, isto é, há uma luta constante na sociedade que transforma os homens
cada vez mais, modificando-o constantemente para sobreviver e perpetuar seus
genes.
Com os conhecimentos atuais da genética, sabe-se que a maior parte da
diversidade biológica se dá entre indivíduos, e não entre populações ou
“raças”. Isto ocorre porque qualquer diferença
na sequência dos genes entre dois indivíduos os torna completamente diferentes.
Bebês nascem ao redor do mundo com a mesma incapacidade de andar e falar, porém
com o tempo desenvolvem as mesmas; as únicas características que os distinguem
são físicas: cor de pele, cabelo e olhos.
6. Existe uma ciência exata da sociedade?
É comum fazer-se uma distinção entre ciências exatas e ciências humanas.
Uma ciência
exata é qualquer campo da ciência capaz de quantizar,
fazer predições precisas e utilizar métodos rigorosos de
testar hipóteses.
Matemática, Física, Engenharia, Química e Estatística,
entre outras, são exemplos de ciências
exatas. Já uma ciência que estuda aspectos sociais, como a Antropologia, a
Administração e a Contabilidade, possui um caráter menos preciso.
Por isso, estudar a sociedade é algo extremamente complexo, visto que
hoje há no mundo mais de sete bilhões de pessoas. Não se pode dizer que há uma
sociedade única no mundo. Analisando-se a população brasileira, por exemplo,
observa-se uma grande diversidade étnica - resultado de séculos de imigração de
europeus, asiáticos, africanos, sul-americanos, entre outros, que ajudaram a
diversificar a culinária e a música locais. Com isso, é impensável descrever um
brasileiro típico, apesar de no exterior se propagar a ideia de que no Brasil
todos amam samba e futebol.
Analisando-se a cidade de São Paulo, em especial, observam-se
características, por exemplo, dos asiáticos no bairro da Liberdade, de
italianos na Mooca e no Bixiga, de armênios no Pari e mais recentemente de
bolivianos e peruanos no Brás.
Isto foi representado por Tarsila do Amaral, no quadro ‘‘Operários’’:
É possível, porém, traçar o perfil
de algumas sociedades que conservam tradições seculares, como certas populações
indígenas no Brasil, que em número são aproximadamente 500.000(ou 0,5% da
população total). Muitos deles vivem até hoje isolados em aldeias nas regiões
norte e nordeste do Brasil, onde são protegidos pela FUNAI (Fundação Nacional
do Índio).
Os Bororos são um exemplo de grupo
indígena com as seguintes características:
Classificação lingüística: Bororo (Tronco Linguístico Macro-Jê)
População: 1.392 (Funasa - 2006)
Localização: planalto central do Mato Grosso
Atividades : caçadores e coletores, agricultura para subsistência
Curiosidade : Dentro de cada clã há uma comunhão de bens culturais (nomes, cantos, pinturas, adornos, enfeites, seres da natureza) que só podem ser usados pelos membros desse determinado clã a não ser que este direito seja participado a outras pessoas em “pagamento” por favores recebidos.
Destacam-se
pela confecção de seus artesanatos de plumagem (cocar e braçadeiras em pena) e
também pela pintura corporal em argila.
Rituais:
Rituais:
- “Festa do Milho” para
celebrar a colheita do cereal, um alimento importante na nutrição dos índios;
- “Furação de Orelha e
Lábios”;
- ‘’Ritual do Funeral’’, que
pode durar até dois meses.
A morte de alguém pode provocar mudanças ou
reforçar as alianças. Mas a tribo obedece a uma organização social rígida. A
aldeia é dividida em duas partes - exare e tugaregue - que, por sua vez, se
subdividem em clãs com deveres muito bem definidos. Eles reconhecem a liderança
de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade exare, conforme
determinam seus mitos.
Portanto, não se pode dizer que há
uma ciência exata da sociedade. É possível apenas estudar diferentes populações
para se encontrar traços comuns e diferentes entre elas.
Seguem algumas fotos dos índios
Bororo e suas tradições:
7. Descreva os pontos mais importantes
do texto Sociologia – conceitos gerais e Surgimento, de Auguste Comte.
A primeira
parte importante de texto é quando ele descreve o conceito de Física Social: “Entendo
por Física Social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos fenômenos
sociais” “cuja descoberta é o objetivo especial de suas pesquisas”.
“A ciência conduz à previdência, e a
previdência permite regular a ação” .
Seguido da
importância das Leis naturais em Sociologia: “Esse sentimento fundamental de um
movimento social espontâneo e regulado por leis naturais constitui
necessariamente a verdadeira base científica da dignidade humana” “de vez que
as principais tendências da humanidade adquirem assim um importante caráter de
autoridade” .
Descreve
também a ordem das transformações das ciências em ciências positivas: Foi uma
revolução quando as ciências começaram a tornam-se verdadeiramente positivas.
“Esta revolução está portanto, plenamente efetuada em todos os nossos
conhecimentos particulares” “e tende operar-se hoje na Filosofia, Moral e
Política”. A única coisa que falta ao desenvolvimento espiritual do nosso
sistema social é o fundamento das doutrinas teológicas e da metafísica, em
observações.
À medida que as ciências tornaram-se
positivas uma massa cada vez maior de ideias científicas penetrou e as
doutrinas religiosas perdiam pouco a pouco. As concepções positivas como
qualquer outra (teológica ou metafísica) seguiram uma ordem. Essa ordem é pelo
grau de facilidade que apresenta o estudo, pela sua complicação, independência,
grau de especialidade e por sua relação direta com o homem.
A
necessidade da Sociologia e sua definição: “A política não escapou, assim como
as outras ciências, a esta lei fundada sobre a natureza das coisas”.
Há a
necessidade de tornar a ciência social positiva, e para isso trata-se a
política como uma aplicação de outras ciências já positivas. Cumpre considerar
a ciência política uma física particular. “Esta Física Social é evidentemente
tão positiva como qualquer outra.” “Resta concluir o sistema das ciências de
observação fundando a Física Social” .
Define-se
por Sociologia o estudo positivo do conjunto das leis fundamentais apropriadas
aos fenômenos sociais.
E a
Sociologia caracterizada por uma ciência da crise: “dois movimentos diferentes
da natureza agitam hoje a sociedade: desorganização x reorganização”, “O
primeiro é ela impelida para uma profunda anarquia moral e política. Pelo
segundo, é ela conduzida para o estado social definitivo da espécie humana, o
mais conveniente”. “É na coexistência dessas duas tendências opostas que
consiste a grande crise vivida pelas nações.”
“A única
maneira de reduzir a crise é determinar às nações que deixem a direção crítica
e tomem a direção orgânica.” Mas isso não é capaz já que todas as sociedades
têm seus vícios próprios. “A insuficiência da doutrina crítica é tão profunda
quanto a incompatibilidade do sistema teológico com o presente estado da
civilização“, “A sociedade está hoje desorganizada tanto no aspecto espiritual
como temporal. Ainda hoje o mal-estar depende muito mais da espiritual. E o
estudo ainda mostra que a reorganização espiritual esta mais preparada enquanto
que a atenção fixou-se sobre a reforma temporal”.
“Nada se
pode fazer de essencial e do sólido quanto a parte prática, enquanto a parte
teórica não estiver estabelecida, ou, pelo menos, bem adiantada.” “Se se
considerar a impossibilidade de restabelecer a teologia, não há outra solução
admissível a não ser a formação da Filosofia Positiva.”
Me ajudou muito :)
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