sábado, 11 de fevereiro de 2012

AUGUSTE COMTE




1. Quem é Auguste Comte?


Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, mais conhecido como Auguste Comte foi um filósofo e sociólogo, fundador do positivismo, nascido em Montpellier, França, em 19 de janeiro de 1798. Comte veio de uma família monarquista e católica.
Como nasceu nove anos após a revolução francesa, momento no qual a burguesia alcançou o poder político, recebeu na escola uma formação dentro da tradição revolucionária burguesa, que consistia em estudos de Ciências e Filosofias Iluministas. Aos catorze anos se declarou republicano e anticlerical, e cinco anos mais tarde começou a se afastar da própria tradição revolucionária. Em 1814, aos dezesseis anos de idade, com interesse pelas ciências naturais, ingressou na Escola Politécnica de Paris.
Um de seus primeiros empregos foi o de secretário do Conde Henri de Saint-Simon, o primeiro filósofo a ver claramente a importância da organização econômica na sociedade moderna, e cujas idéias Comte absorveu, sistematizou com um estilo pessoal e difundiu. Depois de um desentendimento com Saint-Simon, Comte se afastou e virou professor na escola politécnica, momento em que escreveu sua principal obra, O curso de Filosofia Positiva.
Comte sofreu duas crises nervosas e, recuperado de seu segundo colapso, se dedicou à sua segunda grande obra, Sistema de Política Positiva ou tratado de sociologia que institui a religião da humanidade, reunida em quatro volumes e escrita entre os anos de 1851 e 1854. Nessa obra, Comte defendeu a primazia da emoção sobre o intelecto, do sentimento sobre a racionalidade. Por outro lado, distorceu a proposta de disciplina eclesiástica de Saint-Simon criando a Religião da Humanidade.
Quando o Sistema apareceu, Comte escandalizou e perdeu a maioria dos seguidores racionalistas que ele havia conquistado com tanta dificuldade nos últimos quinze anos. Ainda assim sua religião positiva se espalhou pela França, Inglaterra e sobretudo na América. Fundou a Sociedade Positivista, que se transformou no centro principal de seu ensino. Os membros se cotizaram para assegurar a subsistência do mestre e fizeram os votos de espalhar sua mensagem. O moto da Igreja Positiva era amor, ordem e progresso. O jovem estudante de passeata agora pregava as virtudes do amor, da submissão e a necessidade da ordem para o progresso social.
Comte faleceu em Paris, dia 5 de setembro de 1857.



2. Qual a importância do seu pensamento?

O pensamento de Comte baseava-se numa idéia evolutiva de sociedade, em que a humanidade deveria passar, primeiramente, por dois estágios: o teológico e o militar. O terceiro seria o ápice da evolução social: o estágio positivo. Dentro desta perspectiva, acreditava-se que o Estado seria o grande responsável em patrocinar o bem social. A influência desse pensamento no período monárquico promoveu uma compreensão de que o regime que mais se aproximaria do ideal positivista não poderia ser a Monarquia, mas sim a República. Partindo desse mesmo pensamento, o positivismo influenciou o Brasil, que na época da Proclamação da república, caracterizou o projeto republicano pela ideia de um poder centralizado e forte, viabilizando o progresso do país. A representação do Brasil, sua bandeira, possui os dizeres ‘ordem e progresso’, extraídos da frase ‘O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim’, fórmula máxima do positivismo. A frase tenta passar a ideia de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para a perfeita orientação ética da vida social, ou seja, sem ordem e progresso não haveria Estado.
Além dessas influências, o pensamento de Augusto Comte se impregnou na mentalidade de intelectuais, políticos e grupos sociais diversos em todo mundo no século XIX, refletindo-se também na cultura, como no Parnasianismo. Atualmente, seu pensamento ainda é alvo de admiração pela notável unificação que alcançou entre a filosofia humanística e o pensamento científico.


3. Quais as principais ideias de Comte?

Auguste Comte viveu e baseou sua obra de acordo com a França pós-revolucionária, ele defendia os ideais da Revolução de 1789 ("Liberté, Egalité, Fraternité"). Comte é contra a restauração da monarquia e se preocupa bastante com a reestruturação da nova sociedade francesa.  Ele também adotou ideais republicanos e liberais.
Comte dividia sua obra em duas partes: O Estático e o Dinâmico, correspondentes à Ordem e ao Progresso.
Dizia que toda mudança, progresso, tinha que estar em constante harmonia com a ordem social. Pode-se dizer, que Comte adotava uma visão mais conservadora, pois, a mudança era condicionada à ordem e não podia, então, acarretar alterações profundas no sistema social.
Uma frase que pode resumir o pensamento Comteano é: "Nem restauração, nem revolução!".

Em suma, a ordem e progresso, presentes inclusive na nossa bandeira nacional e símbolo das influências deste grande pensador na cultura brasileira, mostra claramente que a "Ordem" está intrinsecamente relacionada ao "Progresso", pois ela é a base para qualquer mudança. 


4. O que é positivismo?

Auguste Comte propõe uma nova forma de visão acerca dos fenômenos, entre eles, os Naturais e os Sociais; essa visão é chamada Positivista. O Positivismo nada mais é do que a oposição entre racional x ideal, isto é, a visão positivista não leva em consideração aspectos da Teologia ou Metafísica, somente o físico, material, tem importância, e para analisarmos e chegarmos no "Positivo" devemos utilizar da observação. Não há espaços para dúvidas, interpretações ou particularidades, no Positivismo impera a precisão e a razão.
Podemos citar a Lei dos Três Estados, que mostra a evolução do pensamento do homem, até chegarmos aos dias de hoje:

i) Teológico: O homem explica a sua realidade por motivos sobrenaturais, pelos deuses, e busca saber da sua origem.

ii) Metafísico: É um estágio de transição entre o Teológico, visão focada em motivos divinos, e o Positivo, visão concreta, racional, dos acontecimentos e fenômenos. Algumas características teológicas permanecem, como a busca da origem e do destino. Predomínio do abstrato.

iii) Positivo: Estágio final de evolução do pensamento do homem. Não há mais explicações sobrenaturais para os fenômenos do dia a dia, ao contrário, busca-se a constante observação empírica para a efetiva análise das "coisas". Agora, predominam questões como os processos e etapas que os fenômenos acontecem (não mais é necessário saber a origem), e suas relações com as leis naturais, quer dizer, atributos necessários para existência.


5. Discuta a relação entre ciência social e Biologia.

Por possuir partes comuns à biologia e às ciências sociais, o estudo biológico do comportamento humano, conhecido como sociobiologia, sempre representou uma interface entre as duas áreas. A sociobiologia nasceu como um ramo da etologia, disciplina que estuda o comportamento social dos animais, sendo consequência de uma série de novas teorias e modelos sobre o comportamento e sobre a seleção natural formulados nos anos 60 e 70, por teóricos como: Richard Dawkins, autor de o "Gene Egoísta" (1976); Edward Osborne Wilson, autor de "Sociobiology: the new synthesis"; Robert Trivers, autor de conceitos correntes da Sociobiologia como representatividade genética e altruísmo recíproco; W. D. Hamilton, autor de conceitos como a seleção de parentesco; entre outros.
Relacionar a biologia com as ciências sociais, porém, sempre foi tema de discussão. Grandes diferenças entre a sociobiologia e as ciências sociais começam a surgir a partir do momento em que observam-se muitos pesquisadores contrários à idéia que a sociobiologia propõe: que comportamentos e sentimentos animais, também existentes nos seres humanos, como o altruísmo e a agressividade, são geneticamente herdados, e não são apenas cultural ou socialmente adquiridos. Já para os cientistas sociais diferenças entre os grupos populacionais não podem estar associadas a uma suposta diversidade biológica, são adquiridas com o passar do tempo. Isto retorna à premissa de Thomas Hobbes, segundo a qual o ‘’homem é o lobo do homem’’, isto é, há uma luta constante na sociedade que transforma os homens cada vez mais, modificando-o constantemente para sobreviver e perpetuar seus genes.

Com os conhecimentos atuais da genética, sabe-se que a maior parte da diversidade biológica se dá entre indivíduos, e não entre populações ou “raças”. Isto ocorre porque qualquer diferença na sequência dos genes entre dois indivíduos os torna completamente diferentes. Bebês nascem ao redor do mundo com a mesma incapacidade de andar e falar, porém com o tempo desenvolvem as mesmas; as únicas características que os distinguem são físicas: cor de pele, cabelo e olhos.


6. Existe uma ciência exata da sociedade?

É comum fazer-se uma distinção entre ciências exatas e ciências humanas. Uma ciência exata  é qualquer campo da ciência capaz de quantizar, fazer predições precisas e utilizar métodos rigorosos de testar hipóteses. 
Matemática, Física, Engenharia, Química Estatística, entre outras, são exemplos de ciências exatas. Já uma ciência que estuda aspectos sociais, como a Antropologia, a Administração e a Contabilidade, possui um caráter menos preciso.

Por isso, estudar a sociedade é algo extremamente complexo, visto que hoje há no mundo mais de sete bilhões de pessoas. Não se pode dizer que há uma sociedade única no mundo. Analisando-se a população brasileira, por exemplo, observa-se uma grande diversidade étnica - resultado de séculos de imigração de europeus, asiáticos, africanos, sul-americanos, entre outros, que ajudaram a diversificar a culinária e a música locais. Com isso, é impensável descrever um brasileiro típico, apesar de no exterior se propagar a ideia de que no Brasil todos amam samba e futebol.

Analisando-se a cidade de São Paulo, em especial, observam-se características, por exemplo, dos asiáticos no bairro da Liberdade, de italianos na Mooca e no Bixiga, de armênios no Pari e mais recentemente de bolivianos e peruanos no Brás.

Isto foi representado por Tarsila do Amaral, no quadro ‘‘Operários’’:



É possível, porém, traçar o perfil de algumas sociedades que conservam tradições seculares, como certas populações indígenas no Brasil, que em número são aproximadamente 500.000(ou 0,5% da população total). Muitos deles vivem até hoje isolados em aldeias nas regiões norte e nordeste do Brasil, onde são protegidos pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio).
Os Bororos são um exemplo de grupo indígena com as seguintes características:

Classificação lingüística: Bororo (Tronco Linguístico Macro-Jê)
População: 1.392 (Funasa - 2006)
Localização: planalto central do Mato Grosso
Atividades : caçadores e coletores, agricultura para subsistência
Curiosidade : Dentro de cada clã há uma comunhão de bens culturais (nomes, cantos, pinturas, adornos, enfeites, seres da natureza) que só podem ser usados pelos membros desse determinado clã a não ser que este direito seja participado a outras pessoas em “pagamento” por favores recebidos.

Destacam-se pela confecção de seus artesanatos de plumagem (cocar e braçadeiras em pena) e também pela pintura corporal em argila.
Rituais:
  • “Festa do Milho” para celebrar a colheita do cereal, um alimento importante na nutrição dos índios;
  • “Furação de Orelha e Lábios”;
  • ‘’Ritual do Funeral’’, que pode durar até dois meses.

A morte de alguém pode provocar mudanças ou reforçar as alianças. Mas a tribo obedece a uma organização social rígida. A aldeia é dividida em duas partes - exare e tugaregue - que, por sua vez, se subdividem em clãs com deveres muito bem definidos. Eles reconhecem a liderança de dois chefes hereditários que sempre pertencem à metade exare, conforme determinam seus mitos.
Portanto, não se pode dizer que há uma ciência exata da sociedade. É possível apenas estudar diferentes populações para se encontrar traços comuns e diferentes entre elas.
Seguem algumas fotos dos índios Bororo e suas tradições:


7. Descreva os pontos mais importantes do texto Sociologia – conceitos gerais e Surgimento, de Auguste Comte.

A primeira parte importante de texto é quando ele descreve o conceito de Física Social: “Entendo por Física Social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos fenômenos sociais” “cuja descoberta é o objetivo especial de suas pesquisas”.
“Considerando sempre os fatos sociais não como objetos de admiração ou de crítica, mas como objetos de observação” “estabelecer e apreender a influência que cada um exerce sobre o conjunto do desenvolvimento humano”.
“A ciência conduz à previdência, e a previdência permite regular a ação”.
Seguido da importância das Leis naturais em Sociologia: “Esse sentimento fundamental de um movimento social espontâneo e regulado por leis naturais constitui necessariamente a verdadeira base científica da dignidade humana” “de vez que as principais tendências da humanidade adquirem assim um importante caráter de autoridade”.
Descreve também a ordem das transformações das ciências em ciências positivas: Foi uma revolução quando as ciências começaram a tornam-se verdadeiramente positivas. “Esta revolução está portanto, plenamente efetuada em todos os nossos conhecimentos particulares” “e tende operar-se hoje na Filosofia, Moral e Política”. A única coisa que falta ao desenvolvimento espiritual do nosso sistema social é o fundamento das doutrinas teológicas e da metafísica, em observações.
À medida que as ciências tornaram-se positivas uma massa cada vez maior de ideias científicas penetrou e as doutrinas religiosas perdiam pouco a pouco. As concepções positivas como qualquer outra (teológica ou metafísica) seguiram uma ordem. Essa ordem é pelo grau de facilidade que apresenta o estudo, pela sua complicação, independência, grau de especialidade e por sua relação direta com o homem.
“Falta, sobretudo, para o homem o ponto de vista social (Física Social)”.
A necessidade da Sociologia e sua definição: “A política não escapou, assim como as outras ciências, a esta lei fundada sobre a natureza das coisas”.
Há a necessidade de tornar a ciência social positiva, e para isso trata-se a política como uma aplicação de outras ciências já positivas. Cumpre considerar a ciência política uma física particular. “Esta Física Social é evidentemente tão positiva como qualquer outra.” “Resta concluir o sistema das ciências de observação fundando a Física Social”.
Define-se por Sociologia o estudo positivo do conjunto das leis fundamentais apropriadas aos fenômenos sociais.
E a Sociologia caracterizada por uma ciência da crise: “dois movimentos diferentes da natureza agitam hoje a sociedade: desorganização x reorganização”, “O primeiro é ela impelida para uma profunda anarquia moral e política. Pelo segundo, é ela conduzida para o estado social definitivo da espécie humana, o mais conveniente”. “É na coexistência dessas duas tendências opostas que consiste a grande crise vivida pelas nações.”
“A única maneira de reduzir a crise é determinar às nações que deixem a direção crítica e tomem a direção orgânica.” Mas isso não é capaz já que todas as sociedades têm seus vícios próprios. “A insuficiência da doutrina crítica é tão profunda quanto a incompatibilidade do sistema teológico com o presente estado da civilização“, “A sociedade está hoje desorganizada tanto no aspecto espiritual como temporal. Ainda hoje o mal-estar depende muito mais da espiritual. E o estudo ainda mostra que a reorganização espiritual esta mais preparada enquanto que a atenção fixou-se sobre a reforma temporal”.
“Nada se pode fazer de essencial e do sólido quanto a parte prática, enquanto a parte teórica não estiver estabelecida, ou, pelo menos, bem adiantada.” “Se se considerar a impossibilidade de restabelecer a teologia, não há outra solução admissível a não ser a formação da Filosofia Positiva.”






Um comentário: