sexta-feira, 23 de março de 2012

KARL MARX 2/3



1.     O que são classes sociais?

Classes sociais são grupos de pessoas que possuem status social semelhante, isto é, que têm padrões de vida similares em muitos aspectos, principalmente o econômico. Segundo Karl Marx, em todos os tipos de sociedade há sempre uma classe dominante que controla direta ou indiretamente o Estado e as classes inferiores (dominadas). Estas duas classes completamente diferentes vivem constantemente em luta, o que foi chamado por Marx de “luta de classes”.
Destaca-se também o fato de as classes sociais diferenciarem-se das castas sociais por permitirem mudança de status das pessoas ao longo de suas vidas.


2.     Quando e como surge o proletariado?

    O proletariado surgiu na Europa entre os séculos XIV e XIX, com o capitalismo industrial, quando todos os bens passaram a ser mercadorias, ou seja, para adquiri-los era necessário dinheiro. Isso só foi possível mediante a chamada acumulação primitiva do capital, que se caracteriza por expulsões de camponeses de suas terras (cercamentos) e pela destruição dos laços não-mercantis do artesanato urbano (por exemplo, as corporações de ofício), formando um conglomerado grande de indivíduos excluídos de meios de produção e que nada tinham para oferecer ao mercado além de sua força de trabalho.
            Karl Marx foi destaque na questão do proletariado  no século XIX, quando os proletários conseguiram pela primeira vez organizar greves de grandes proporções, capazes de sucumbir com a estrutura por eles vivida até então. Para isso, utilizaram ideias socialistas de Karl Marx.


3.     O que gera o movimento histórico?


         Um movimento histórico é um fenômeno social muito raro. Sua principal característica é que reúne em determinado momento, vários fatores que contribuem para a mudança de algo. Todas as lutas de classes existentes até hoje são exemplos de movimentos históricos. "A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias, tem sido a história das lutas de classes(...). Numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada." 
    Marx, Grundrisse.

4.     O que são forças produtivas?

      Para Karl Marx são todas as forças usadas para transformar a natureza, visando à criação de bens materiais, através de uma combinação da força de trabalho humana com os meios de produção, como as ferramentas. Assim, é necessário que o homem se organize socialmente para produzir, estabelecendo relações sociais e dividindo atividades entre si.


5.     O que são relações de produção?


              Relações de Produção é um conceito elaborado por Karl Marx e, em síntese, são as formas como os seres humanos desenvolvem suas relações de trabalho e distribuição no processo de produção.
                Segundo a teoria marxista nas sociedades de classes, as relações de produção são relações entre classes sociais, proprietários e não-proprietários.
               Podemos definir também Forças Produtivas que correspondem à combinação da força de trabalho humana com os meios de produção, isto é, instrumentos e objetos de trabalho, tais como tecnologia, incluindo infraestrutura, ferramentas, máquinas, técnicas, materiais, e o conhecimento técnico aplicado à natureza, obtendo, entre outros, recursos naturais.
                 As relações de produção e as forças produtivas constituem o Modo de 
   Produção, o qual se modifica historicamente (escravagista, feudal, capitalista).    
   Fonte: http://pt.wikipedia.org (Relações de Produção e Forças Produtivas) 

6.     O que é a alienação e qual é sua relação com o trabalho?


            Alienação, para Marx, tem um sentido negativo (em Hegel, é algo positivo) em que o trabalho, ao invés de realizar o homem, o escraviza; ao invés de humanizá-lo, o desumaniza. O homem troca o verbo SER pelo TER: sua vida passa a medir-se pelo que ele possui, não pelo que ele é. Tanto em Marx quanto em Hegel, alienação está ligada ao trabalho. Para Hegel, o trabalho é a essência do homem, quer dizer, é somente por meio de seu trabalho que o homem pode realizar plenamente suas habilidades em produções materiais.



7.     Por que Marx vê um papel revolucionário na burguesia?

           A burguesia “cria um mundo à sua imagem e semelhança”.
      Marx viu a burguesia revolucionária, porque sua ação destruiu os modos de organização do trabalho, as formas da propriedade no campo e na cidade; debilitou as antigas classes dominantes como a aristocracia feudal e o clero, substituiu a legislação feudal, e eliminou os impostos e obrigações feudais, as corporações de ofício, o sistema de vassalagem que impedia que os servos se transformassem nos trabalhadores livres e mesmo o regime político monárquico nos casos em que sua existência representava um obstáculo ao pleno desenvolvimento das potencialidades da produção capitalista.
           Além disso, Segundo Marx e Engels, o modo de produção capitalista estende-se a todas as nações, constrangidas a abraçar o que a burguesia chama de “civilização”. A premência de encontrar novos mercados e matérias-primas e de gerar novas necessidades leva-a a estabelecer-se em todas as partes.

8.     Por que o modo de produção capitalista é transitório?

       O modo de produção capitalista é transitório, porque se divide em duas classes antagônicas e é o meio de produção onde as forças produtivas se desenvolvem ao máximo, e ainda há o maior grau de exploração do trabalhador. Este se torna o agente revolucionário na sociedade capitalista, pois com a exploração conseqüentemente aumentará sua capacidade de organização e de consciência de sua situação social. 
       "Mas essa forma antitética é, ela mesma, transitória, e produz as condições reais de sua própria supressão. Resultado: o tendencial, geral e potencial desenvolvimento das forças de produção – da riqueza enquanto tal – como uma base; do mesmo modo, a universalidade da troca e, portanto, o mercado mundial como base. A base como possibilidade de desenvolvimento universal do indivíduo, e o desenvolvimento real dos indivíduos a partir dessa base como constante suspensão de sua barreira, reconhecida como tal, não como um limite sagrado. Não uma universalidade ideal ou imaginária do indivíduo, mas a universalidade de suas relações reais e ideais. Portanto, também, a tomada de sua própria história enquanto processo e o reconhecimento da natureza (presente do mesmo modo como um poder prático sobre a natureza) como seu corpo real. O desenvolvimento é posto e reconhecido como a pressuposição do mesmo.  Para isso, no entanto, é sobretudo necessário que o pleno desenvolvimento das forças de produção tenha se tornado a condição de produção; e não que condições de produção específicas sejam postas como um limite ao desenvolvimento das forças produtivas.” Marx, Grundrisse, pp. 541-542

domingo, 18 de março de 2012

KARL MARX 1/3






1)     Quem foi Karl Marx?

         Karl Marx foi um economista, filósofo e socialista alemão, nascido em Trier, em 5 de maio de 1818.
Estudou na universidade de Berlim e formou-se em Iena, em 1841, com a tese Sobre as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro. Enquanto estudava na Universidade de Berlim foi influenciado pelos pensamentos de Hegel, participando do movimento dos Jovens Hegelianos, mas foi impedido de prosseguir seus estudos e expulso da Alemanha, sustentou-se com artigos que publicava ocasionalmente em jornais alemães e estadunidenses, bem com por diversos auxílios financeiros vindos de seu amigo e colaborador Friedrich Engels, que conheceu em Paris,1844. Foi, no ano seguinte, expulso da França, radicando-se em Bruxelas e participando de organizações clandestinas de operários e exilados. Ao mesmo tempo em que na França estourou a revolução, em 24 de fevereiro de 1848, Marx e Engels publicaram o folheto O Manifesto Comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada marxista. Voltou para Paris e assumiu logo a chefia do Novo Jornal Renano em colônia, primeiro jornal diário francamente socialista.
Depois de expulso de Paris, mudou-se para Londres, onde dedicou-se a vastos estudos econômicos e históricos, sendo freqüentador assíduo da sala de leituras do British Museum. Escrevia artigos para jornais norte-americanos, sobre política exterior, mas sua situação material esteve sempre muito precária. Foi generosamente ajudado por Engels, que vivia em Manchester em boas condições financeiras.
       Em 1864, Marx foi co-fundador da Associação Internacional dos Operários, depois chamada I Internacional, desempenhando dominante papel de direção. Em 1867 publicou o primeiro volume da sua obra principal, O Capital. Dentro da I Internacional encontrou Marx a oposição tenaz dos anarquistas, liderados por Bakunin, e em 1872, no Congresso de Haia, a associação foi praticamente dissolvida. Em compensação, Marx podia patrocinar a fundação, em 1875, do Partido Social-Democrático alemão, que foi, porém, logo depois, proibido. Não viveu bastante para assistir às vitórias eleitorais deste partido e de outros agrupamentos socialistas da Europa.
Em 1843, Marx casou-se Jenny von Westphalen, com quem teve 5 filhos, sendo que 3 deles faleceram na infância devido às péssimas condições financeiras. Marx faleceu em Londres, dia 14 de março de 1883.


     2)  Quem mais influenciou o pensamento de Karl Marx?

           Muitas foram as influências sofridas por Karl Marx ao longo de sua teoria crítica e seria inviável relacionar todas elas. Entre seus predecessores influenciaram-no desde o atomista heleno Demócrito de Abdera (c.460-370 a.C.) e o antigo filósofo Epicuro (341-270 a.C.) até o alemão Friedrich Hegel (1770-1831), passando pelo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), de quem partiu para elaborar a noção de “valor do trabalho” em Salário, Preço e Lucro (1865). Já de seus contemporâneos ele argumentava a favor ou contra autores como o alemão Ludwig Feuerbach (1804-1872), o francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e Friedrich Engels (1820-1895). Mas há também a influência dos filósofos fisiocratas, do escocês Adam Smith (1723-1790), David Ricardo (1772-1823) entre outros.
Desses cabe mencionar os principais: Smith, Hegel e Engels. Do primeiro, Marx herdou a perspectiva da economia como uma ciência em que o trabalho é uma categoria que gera riquezas e o valor das mercadorias oscila em torno de um “preço natural” quando há o equilíbrio entre a oferta e a procura. Hegel foi como uma sombra a cobrir as idéias do jovem Marx, que era listado entre os neo-hegelianos de esquerda até a confecção de A Ideologia Alemã (1845/6), obra na qual procurou, ao lado de Engels, “prestar contas” com a ideologia dialética daquele autor. Para Marx, ao invés de produzir um sistema idealista que abarcasse o mundo material e sua história, num mundo ideal e na história do pensamento, uma crítica do Estado e da sociedade deveria partir de suas condições reais e sua história encarada através da dialética materialista, cujas contradições são explicitadas pela “luta de classes”. Quanto a Engels, não se pode dizer que ele tenha sido apenas o editor e mantenedor financeiro de Marx, no final de sua vida, pois foi a publicação de seu Esboço de uma Crítica da Economia Política(1844) que provocou a guinada definitiva no pensamento de Marx, orientando-o em direção à economia política e à observação atenta da situação dos trabalhadores, na Inglaterra e de um modo geral, frente aos interesses capitalistas. Juntos escreveram os livros fundamentais da teoria revolucionária comunista, na qual a classe operária assumiria o controle de seu destino e, consequentemente, da humanidade.


     3) Qual a relação entre Marx e a sociologia?

Marx tenta entender como a sociedade, em geral, funciona, tendo como base a sociedade do século XIX, quando a filosofia alemã era predominante. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infraestrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, pelo conjunto das forças produtivas e relações sociais de produção de uma sociedade, enquanto se constrói sobre ela o edifício em si, a superestrutura, que representaria as ideias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc.). Constata-se assim a existência de classes na sociedade, e argumenta que a luta entre elas leva necessariamente à ditadura do proletariado, que deverá por fim à divisão em classes (burguesia x operária – no caso do capitalismo). A história do homem é a história da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada(burguesia x operária – no caso do capitalismo). As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais.

Marx não quer, com isso, dizer que o progresso das sociedades é linear e imutável, nem que a base é o único fator de mudança, mas sim que as formas políticas da luta de classes e seus resultados, as Constituições (...), as formas jurídicas (...) exercem igualmente a sua ação sobre o curso das lutas históricas e, em muitos casos, determinam predominantemente sua forma..." (ENGELS, citado por OLIVEIRA; QUINTANEIRO, 2002: 39.)

     4) O que é idealismo para Marx?

"Se opõe ao idealismo, que acredita que o ambiente e a sociedade com base no mundo das ideias, como criações divinas seguindo as vontades das divindades ou por outra força sobrenatural."

         "Não resta dúvida por parte dos estudiosos de Hegel, Feuerbach e Marx a grande contribuição que tiveram os dois primeiros para a evolução e consolidação do pensamento de Marx. Feuerbach significou uma reviravolta no idealismo de Hegel como corrente de pensamento dominante até então. Em contraposição ao idealismo, Feuerbach vai instaurar o materialismo, trazendo o homem do céu e colocando na terra: o homem é a essência de tudo.
            A correspondência necessária entre as relações de produção e as forças produtivas é fundamental na concepção do materialismo histórico. Daí ser o materialismo histórico uma teoria social. A dialética é o núcleo racional do materialismo de Marx e Engels, exposto em A Ideologia Alemã. A oposição inscrita no sistema hegeliano entre a tese e a antítese, entre a afirmação e a negação, tem em Marx a mediação material, enquanto em Hegel é reflexiva, abstrata. Daí que a solução na operação entre a contradição dos dois pólos se dá em Marx por meio da atividade prática do homem que supera a oposição entre sujeito e objeto, ou o que Marx vai conceituar como a práxis. A práxis é a atividade enérgica dos homens face aos conflitos e contradições no âmbito da sociedade." (IDEALISMO E MATERIALISMO: a dialética e a concepção universalista em Hegel e em Marx)


      5) Como Marx define materialismo? 

"É a teoria que defende que a sociedade é definida por fatores materiais, como economia, biologia, geografia e desenvolvimento científico. Se opõe a ideia de que a sociedade seja definida por forças sobrenaturais, divindades ou pelo pensamento. Marx se opõe ao controle do Estado por religiosos, defendendo o poder nas mãos das classes trabalhadoras. Para o marxismo, no lugar da ideias estão os fatos materiais, no lugar do grandes heróis, a luta de classes."

"Nas onze teses de Marx sobre Feuerbach estão as bases de sustentação do materialismo de Marx. Na primeira tese Marx afirma que o principal defeito de todo o materialismo, incluindo o de Feuerbach, é que a realidade, o mundo sensível só são apreendidos sob a forma de objeto ou intuição, mas não como atividade humana sensível, enquanto práxis. Na mesma tese adianta Marx que Feuerbach acata objetos sensíveis distintos dos objetos do pensamento de Hegel, mas não considera a própria atividade humana como atividade objetiva. 
Na sexta tese diz Marx que Feuerbach teve o mérito de transpor a essência religiosa para a essência humana, mas que a essência humana não pode ser algo em abstrato, inerente ao indivíduo isolado, sendo, em realidade, o conjunto das relações sociais. Esse último aspecto – o conjunto das relações sociais – é um dos aspectos de maior importância da teoria social de Marx. Acrescenta Marx na sétima tese que o indivíduo abstrato que Feuerbach analisa é ele, na realidade, uma forma social determinada." (IDEALISMO E MATERIALISMO: a dialética e a concepção universalista em Hegel e em Marx)


    6)  O que Marx quer dizer ao afirmar que Feuerbach “não toma a própria atividade humana como atividade objetiva”?

Marx quer dizer que Feuerbach possui uma filosofia estática, isto é, para ele o homem não está inserido no contexto social. Feuerbach acreditava que o homem criou Deus e não o contrário. Ele queria com isso conservar os valores morais a partir de um religião da humanidade em que o homem seria Deus para ele mesmo, ao contrário de Marx que acreditava que ser necessário compreender a realidade para tentar superá-la de forma dialética(é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que leva a outras ideias).



    7) Compare a frase de Max “a essência humana não é uma abstração inerente a cada indivíduo”  com as ideais de Durkheim sobre a relação indivíduo e sociedade. 

Para Marx a história do homem é a história da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada (burguesia x operária – no caso do capitalismo). As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais.
Assim, fica evidente fazer um paralelo com as ideias de Durkheim, para o qual a consciência individual era uma simples dependência do tipo coletivo, isto é, os fatos sociais( que possuem um alto poder de coerção) fazem as atitudes das pessoas serem independentes de suas vontades próprias, são determinadas pelos fatores externos a elas (coletividade). O fato de ser uma abstração(algo que não se leva em consideração) inerente(fixo) a cada indivíduo significa que os indivíduos nunca são levados em consideração na sociedade. Estão, assim, as ideias de Durkheim sobre a relação indivíduo e sociedade de acordo com a ideia de Marx.




FONTES:

domingo, 11 de março de 2012

ÉMILE DURKHEIM 3/3



1. Qual é a relação entre a independência dos indivíduos e a divisão do trabalho social?

     Na análise realizada por Durkheim de divisão do trabalho social, descrita  na questão 7, a independência do indivíduo não teria importância, já que ele não constrói a sociedade e suas instituições, mas as herda e deve se adequar ao contexto que elas proporcionam.

     Dessa forma, o indivíduo não influencia na divisão social do trabalho, apesar de executá-lo.

2. O que é solidariedade e qual seu papel social?

   A solidariedade é o consenso produzido que sustenta a existência de uma sociedade e também da própria coesão social. Quanto maior o grau desse consenso melhor essa coesão social dentro da sociedade.

3. O que é solidariedade mecânica?

  Na solidariedade mecânica, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses econômicos e culturais. Essa igualdade de valores assegura a coesão social.

4. Onde encontramos a solidariedade mecânica?

    A maior parte desse tipo de solidariedade encontra-se nas sociedades ditas primitivas ou arcaicas. Nesse tipo de solidariedade não há a divisão do trabalho, sendo as sociedades simples pouco desenvolvidas e com uma consciência social menor do que a da solidariedade orgânica.

5. Explique se a solidariedade diminui ou cresce conforme aumenta o excedente produtivo de uma dada sociedade

   Durkheim interpretava a divisão social do trabalho como sinal de solidariedade social, interdependência dos indivíduos com o desenvolvimento de uma nova ordem social. Para o pensador francês, à medida que a indústria vai se especializando, a solidariedade tende a aumentar. Própria da sociedade capitalista moderna, em função direta da divisão acelerada do trabalho, os individuos tornam-se interdependentes entre si, essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas, que caracterizavam a vida pré-moderna. Os antigos laços diretos da consciência coletiva se afrouxariam, conferindo aos indivíduos maior autonomia pessoal e cedendo espaço aos mecanismos de controle social indiretos, definidos por sistemas e códigos de conduta consagrados na forma da lei. Quanto maior o trabalho - o desenvolvimento produtivo - da sociedade, maior a interdependencia entre indivíduos, fazendo com que a solidariedade cresça.

6. O que é solidariedade orgânica?

  Diferente da solidariedade mecânica, na solidariedade orgânica, os indivíduos não compartilham dos mesmos valores e crenças sociais, além disso, os interesses são bastante distintos e a consciência de cada um é mais acentuada.  Esse tipo de solidariedade é mais encontrada nas sociedades modernas, pela maior diferenciação social e individua, como em sociedades capitalistas.

7. Explique a divisão do trabalho social.

   Para Durkheim, a divisão do trabalho social é responsável pelo funcionamento harmônico de uma sociedade caracterizada por ele de um organismo vivo, constituído de partes identificáveis e relações bem definidas.

   Essa divisão da sociedade e do trabalho que cada divisão desempenha trás uma melhor compreensão da mesma, e uma forma de melhorá-la.

8. Por que ocorre a preponderância progressiva da solidariedade orgânica?

   Como a solidariedade orgânica é fruto das diferenças sociais, e sendo essas diferenças que unem os indivíduos pela necessidade de trocas de serviços e pela sua interdependência. Essa solidariedade prevalece nas sociedades complexas do tipo capitalistas, onde, através da acelerada divisão do trabalho, os indivíduos se tornam interdependentes, sendo suas funções, vitais para o funcionamento do sistema social.
   Assim, a consciência coletiva se afrouxa, dando espaço à consciência individual que expressa o que temos de pessoal e distinto. Ocorrendo o progressivo crescimento da solidariedade orgânica.

9. O que é anomia social? Quando ocorre uma situação de anomia social?

    Esse é um termo criado por Durkheim em seu livro O suicídio. Ele emprega esse termo para algo na sociedade que não esteja funcionando de forma harmônica. Anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocadas pelas intensas transformações ocorrentes do mundo social moderno, fazendo com que exista a perda de valores tradicionais na qual a modernidade não preenche essa lacuna. Cria-se um estado de anomia também, quando há quebras das regras sociais, uma desestabilização social.       Nesse estado, os laços de solidariedade encontram-se enfraquecidos.

     Durkheim concluiu com isso, que onde há anomia, há ausência de normas para regular as relações sociais. Mas esse estado também tende a ser passageiro.

     Exemplos de quando ocorre uma anomia social são em momentos de embates sociais, nas crises capital-trabalho, anarquismo, suicídio, etc.

domingo, 4 de março de 2012

ÉMILE DURKHEIM 2/3


  1- O que são julgamentos de valor?

       Julgamentos de valor são aqueles que enunciam avaliações pessoais, isto é, o valor que determinadas coisas possuem para alguém. Todos esses julgamentos acompanham as pessoas ao longo de suas vidas, possuindo grande significado para cada um individualmente, porém para outras pessoas pode ser algo extremamente supérfluo.  Por exemplo, “Esta camisa é feia”. Este é um exemplo de julgamento de valor, pois é a opinião de alguém perante um objeto, mas que pode ser diferente para outra pessoa.

  2-   O que são julgamentos de realidade?

      Também conhecidos como julgamentos de existência, são aqueles que enunciam o que existe no universo e a forma como é apresentado. Neste tipo de julgamento não se leva nenhuma opinião ou valor pessoal, apenas as características naturalmente apresentadas. Por exemplo: quando alguém diz “esta camisa é branca’’, está emitindo um julgamento de realidade, pois é algo fixo à camisa. Não há como se dizer que a camisa possui uma coloração diferente, pois a cor é intrínseca à camisa.
   
  3- Qual a relação entre julgamento de valor e de realidade?

       Émile Durkheim caracteriza o julgamento que as pessoas fazem em relação às mais variadas ocasiões da vida em dois grupos: de VALOR e de REALIDADE.

           Julgamentos de valor são tidos muitas vezes como acepções pessoais, ou preceitos que a pessoa leva consigo no decorrer de sua vida, de tal forma, ela expressa o seu pensamento em relação a determinado acontecimento, mas não quer dizer que seja verdade ou mentira, correto ou errado, mas apenas uma avaliação pessoal. Tem por objeto dizer o que as coisas valem em relação à um ponto de vista de alguém, mas não o que as coisas, de fato, são, é simplesmente uma atribuição de valores. Podemos exemplificar:
      Quando dizemos, "Prefiro ir ao estádio de futebol do que assistir em casa" emitimos um juízo de valor.

          Julgamentos de realidade são o inverso dos de valor, eles correspondem ao que as coisas significam, existe uma relação bem direta com a razão e a ciência positiva, pois esse julgamento é baseado na realidade dos fatos, com total imparcialidade de opiniões, relatando apenas o que, de fato, existe. Quando determinamos uma fórmula matemática ou qualquer conhecimento científico, enunciamos um julgamento de realidade. Podemos exemplificar: "Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço".


   4- O que os julgamentos de realidade tem a ver com a ciência positiva

         Podemos dizer que os julgamentos de realidade exprimem o que, de fato, existe, através de uma observância empírica, eles não levam em consideração qualquer tipo de opinião ou valor pessoal, pois limitam-se a expressar os fatos como eles são por natureza e como são observados. E na ciência positiva, este é o alicerce fundamental: A cientificação do conhecimento através da razão, tendo a ciência o papel de analisar e descrever os fenômenos como eles são, de forma empírica e racional, sem avaliações pessoais, da mesma forma que os julgamentos de realidade assim o fazem. Dessa forma, os julgamentos de realidade são as ferramentas mais utilizadas pelos cientistas na construção do pensamento científico.



     5- O que é moral para Durkheim?


              Para Durkeim Moral é a ciência dos costumes (Durkheim, Lévy-BRÜhl)

         A idéia básica é que a moral deva ser uma regra determinante da conduta, fixando o comportamento de forma a reduzir o arbítrio individual, além de estabelecer a regularidade de hábitos em condições determinadas. Essa regularidade atuaria mediante a autoridade moral, sendo que juntas comporiam o espírito de disciplina, a primeira disposição fundamental de todo temperamento moral, considerado o primeiro elemento da moralidade e fator sui generis na educação. Associada à ideia do condicionamento da moralidade, Durkheim argumenta sobre a necessidade humana de interessar-se por algo distinto de si mesmo mediante o vínculo com grupos sociais e a devida solidariedade a estes. Esse vínculo social é considerando o segundo elemento da moralidade. Uma moralidade compreendida como uma mescla de razão e sentimentos, um dualismo entre a autonomia e a heteronomia, uma natureza marcada pela vontade arrazoada e a obrigação. Para Durkheim não há no homem uma unicidade de razão que lhe permita ter uma autonomia plena de sua vontade. Entretanto, considerava a autonomia da vontade o terceiro elemento da moralidade. Em suma, moral seria um valor, feito da soma de outros valores (ex: justiça, costumes), que motiva condutas.A moralidade é o ponto central para a estruturação da sociedade.



      6-O valor moral da sociedade equivale a soma de valores morais individuais?

             
              Não. O valor moral da sociedade é uma questão a parte dos valores morais individuais.
          Ela que de um modo geral comanda as morais de cada pessoa. Discriminando ações, julgamentos, crenças .. A autonomia da vontade é considerada só o  terceiro elemento da moralidade de Durkheim.

  
   7- Quais exemplos que podemos dar da visão Durkheimiana da relação entre moral e sociedade?
   
         Existem dois exemplos ‘concretos’ da visão Durkheimiana entre moral e sociedade, são eles o suicídio e a divisão de trabalho.
          O suicídio é um ato individual, resultante do meio social que cerca o indivíduo. A ausência de regras claramente definidas que regulem o comportamento dos indivíduos na sociedade, ou seja, anomia¹, é um momento de desregularização, não há lei nem regras, os indivíduos sentem-se perdidos, sem valores de comportamentos para seguirem. Os motivos que levam alguém a cometer suicídio são muitos, entre eles, religião, condição e posição social e família. Existem 3 tipos de suicídio:
            Suicídio egoísta: é aquele que se encontra com uma maior frequência, este tipo de suicídio é “ (…) caracterizado por um estado de depressão e de apatia, fruto de um individualismo exagerado.” (Durkheim).
-        Suicídio altruísta: este tipo de suicídio é caracterizado por uma integração social desmedidamente forte, pois o individuo pode suicidar se por estar perdido na sociedade que o acolhe, mas também pode faze-lo caso esteja demasiado integrado nela.
-         Suicídio anômico:  (…) a anomia provoca um estado de desespero e de cansaço exasperado que pode (…) virar-se contra o próprio individuo ou contra outrem (…)” (Durkheim) O suicídio anômico é o tipo de suicídio que ocorre com uma maior frequência nas sociedades modernas. Ele acontece quando as normas sociais e leis que governam a sociedade não correspondem com os objetivos de vida do indivíduo. Uma vez que o indivíduo não se identifica com as normas da sociedade, o suicídio passa a ser uma alternativa de escapar.

            A divisão do trabalho não é apenas um fenômeno econômico, mas um fenômeno social e, portanto, gerador de vínculos de solidariedade. A divisão do trabalho não gera apenas interdependência objetiva, no sentido de que em uma sociedade em que o trabalho social está dividido dependemos uns dos outros para a satisfação de nossos interesses.  A divisão do trabalho teria um efeito muito maior, alcançando as camadas mais profundas da consciência moral. Seguindo o exemplo de um organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho, ele será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para Durkheim é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica, não apenas mecânica.


   ¹- Anomia: é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno.