1- Por que, para Marx, tudo é considerado mercadoria?
"Mercadoria é o que se produz para o
mercado, isto é, o que se produz para a venda e não para o uso imediato do
produtor." [1]
Ao se expandir, o capitalismo estendeu o
sistema de produção para o mercado às mais diversas áreas. Em certo sentido,
pode-se dizer que o capitalismo foi o regime que mercantilizou a vida humana.
No sistema capitalista, o trabalhador vende ao proprietário a sua força de
trabalho, muitas vezes o único bem que tem, tratada como mercadoria, e
submetida às leis do mercado, como concorrência, baixos salários.
Para Marx, o capitalismo transformou tudo em
mercadoria. Tudo ele reduziu a um valor que pudesse ser medido em dinheiro.
Fonte: [1]
KONDER, Leandro. "Mercadoria". In: Marx – vida e obra. São Paulo: Paz
e Terra, 1999, p.121-122.
2- O que é valor de uso?
"O valor de uso é a capacidade que um produto tem para satisfazer
determinadas necessidades do homem ou da sociedade no seu conjunto, através do
uso, do consumo ou para servir de meio de produção de outros bens
materiais. Algumas coisas satisfazem diretamente as necessidades pessoais
do homem servindo de objetos de consumo pessoal, como os alimentos ou o
vestuário; outras servem como meios de produzir matérias-primas, combustíveis
ou ferramentas."
3- O que é valor de troca?
"O valor de troca corresponde ao valor individual das mercadorias
produzidas num determinado ramo de produção, segundo os meios utilizados pelo produtor,
o processo de trabalho, o nível técnico de organização da produção e a
produtividade. Isto origina que seja diferente, no tempo e no espaço, a
quantidade necessária de trabalho para laborar uma unidade de produto da mesma
qualidade, nas condições médias de produção socialmente normais."
4- Relacione o valor de uso e o valor de troca ao
trabalho humano concreto e ao trabalho humano abstrato.
"A principal preocupação de Marx, segundo Araújo (1989) era o de desvendar as leis do movimento do capital na sociedade capitalista. Para isso procurou analisar a mercadoria, o capital e a força de trabalho.
Marx dizia que um bem possui dois tipos de valores: valor de uso e valor de troca. O valor de uso é medido pelo trabalho concreto, ou seja, do trabalho que depende da habilidade humana. Já o valor de troca da mercadoria está relacionada a quantidade de tempo que o trabalhador gasta para produzí-la. Veja o exemplo seguinte: para se confeccinar casacos, alguns alfaiates levarão mais tempo que outros. Contudo, na confecção do mesmo, a sociedade estabelece um tempo necessário para que o mesmo seja produzido, por exemplo 1 hora, o que significa dizerque se alguns desses alfaiates não produzirem dentro desse período estabelecido, serão "engolidos" pela concorrência. Este tempo é determinado pela intensidade das forças produtivas existentes no momento.
Se um indivíduo é um alfaiate, sua profissão produz o valor de uso: ele sabe fazer roupas. E, roupas tem serventia (valor de uso). Mas, se ele demorar mais de uma hora para produzir um casaco, estará sendo pouco produtivo. Algum outro alfaiate, ao produzir mais em menos tempo, colocara mais peças no mercado e, por conseguinte, lucrará mais do que o primeiro.
Assim, para Marx, o trabalho é útil ou concreto quando é considerado em sua modalidade específicas. Ou seja, é o que cria um produto útil. Segundo ele, não é o consumidor que dá utilidade a uma mercadoria, mas o produtor. O consumidor apenas reconhece a mercadoria como útil ou não. Por exemplo, se o produtor coloca no mercado um novo produto, ele pode ter sucesso ou não, depende se o consumidor vai reconhecer aquele produto como útil para ele. O produtor dá utilidade a mercadoria através do uso da tecnologia, da mão de obra e das matérias primas usadas no processo produtivo.
Para Marx, o valor era portanto determinado no âmbito da produção e não da circulação, como afirmava os clássicos. Cada mercadoria possuia seu próprio valor de uso: o cafe alimenta, a roupa aquece, etc. Mas, todas elas foram produzidas pelo uso da força de trabalho. Então, o trabalho serve para igualar todas as mercadorias. A utilidade não pode ser quantificada, mas o tempo dispendido na fabricação do bem pode ser quantifificado.
Para os neoclássicos, o que dava valor a uma mercadoria era a sua utilidade, para Marx era o trabalho. Não se pode estabelecer preço através do equilíbrio entre oferta e procura. Na verdade, às vezes, o preço pode muitas vezes estar acima ou abaixo do valor do bem se a oferta estiver menor do que a procura. Por exemplo, a escassez de alimentos faz com que os preços dos produtox se elevem acima do seu valor, ou seja, dos custos de produção porque a demanda por alimentos pode estar crescendo mais do que a produção dos mesmos."
Fontes: http://pt.shvoong.com/social-sciences/economics/1819413-valor-uso-valor-troca/#ixzz1qppVbdkO
//pt.shvoong.com/social-sciences/economics/1819413-valor-uso-valor-troca/#ixzz1qppSU2FW
5- O que Karl Marx chama de "Fetichismo da
mercadoria"?
"Marx
nota em “O Capital”, que a mercadoria (manufatura) quando finalizada, não
mantinha o seu valor real de venda. Este valor era adquiria uma valoração
de venda irreal e infundada, como se não fosse fruto do trabalho humano e nem
pudesse ser mensurado; isto é, Marx queria denunciar que a mercadoria parecia
perder sua relação com o trabalho e ganhava vida própria. Este fenômeno é
denominado por Marx como sendo um “fetiche de mercadoria”.
"No desenvolvimento de sua teoria, Marx
se baseia na história do personagem bíblico Moisés. Marx se utilizou disto para
exemplificar na modernidade como o homem estava tratando as mercadorias
(sapatos, roupas, etc.), que com o tempo deixaram de ser um produto
estritamente humano para tornarem-se objeto de adoração. Estas mercadorias
passaram a ter um valor simbólico, quase divino, ao passo que o ser humano
compra um objeto de valor simbólico."
"Na
história de Moisés, ele vai com os judeus atrás da terra prometida. Mas, como a
princípio não conseguem encontrar esta tal terra, Moisés resolve retirar-se por
um período para meditar no Monte Sinai e achar evidências da existência real
deste Deus, deixando seu povo em uma terra fértil para subsistência. Neste
meio-tempo, o povo deixado por Moisés se reorganiza de tal forma que passam a
possuir novos líderes e deuses. Muito tempo se passa em cima do monte Sinai,
até que após vários dias ou meses os céus se abrem e deles surgem o sinal tão esperado
pelo povo Judeu, as tabuas da salvação, onde estavam contidos os “Dez
Mandamentos”. A partir deste sinal Moises, desce o monte Sinai e vai de
encontro ao seu povo para lhes contar e mostrar a novidade. Quando chega a seu
povo, nota que estes haviam se reorganizado em sua ausência e que possuíam
novas lideranças e principalmente que haviam juntado todo o ouro e joias
fundido-as para fazer uma imagem, um novo Deus, que segundo a bíblia seria a
imagem de um animal (possivelmente um bezerro) que havia se tornado objeto de
adoração e glorificação pelo povo, o nome atribuído a esta imagem era
“Fetiche”."
Em O Capital (volume 1), Marx explica o
fetichismo da mercadoria:
"Consideremos duas mercadorias, por exemplo, ferro e
trigo. As proporções, quaisquer que sejam, em que elas são trocáveis, podem
sempre ser representadas por uma equação em que uma dada quantidade de trigo é
igualada a certa quantidade de ferro…O que nos diz tal equação? Nos diz que, em
duas coisas diferentes – em um quarto de trigo e x quantias de ferro -, existe
em quantidades iguais algo comum a ambos. As duas coisas devem, portanto ser
iguais a uma terceira, que em si mesma não é uma nem outra. Cada uma delas, no
que se refere ao valor de troca, deve ser redutível a esta terceira coisa… Este
“algo” em comum não pode ser uma propriedade natural das mercadorias. Tais
propriedades são consideradas apenas à medida que afetam a utilidade de tais
mercadorias, em que as tornam valores de uso. Mas a troca de mercadorias é
evidentemente um ato caracterizado por uma abstração total do valor de uso.
(...)
Fontes: Marx, Karl (2005). “Secção 4. O fetichismo da Mercadoria
e o seu Segredo”. Retirado em 3 de Abril de 2007 de:http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/ocapital-v1/index.htm.
“Segundo Marx, o fetichismo é uma relação social entre
pessoas midiatizadas por coisas. O resultado é a aparência de uma relação direta
entre as coisas e não entre as pessoas. As pessoas agem como coisas e as
coisas, como pessoas.”
“Os objetos úteis só se tornam em geral mercadorias
porque são produtos de trabalhos privados, executados independentemente uns dos
outros. O conjunto destes trabalhos privados constitui o trabalho social. Os
trabalhos privados manifestam-se na realidade como frações do trabalho social
global apenas através das relações que a troca estabelece entre os produtos do
trabalho e, por intermédio destes, entre os produtores. Daí resulta que para
estes últimos, as relações sociais dos seus trabalhos privados aparecem tal
como são, ou seja, não como relações imediatamente sociais entre pessoas nos
seus próprios trabalhos, mas antes como relações materiais entre pessoas e
relações sociais entre coisas.” [1]
"Uma
mercadoria, portanto, é algo misterioso simplesmente porque nela o caráter
social do trabalho dos homens aparece a eles como uma característica objetiva
estampada no produto deste trabalho; porque a relação dos produtores com a soma
total de seu próprio trabalho é apresentada a eles como uma relação social que
existe não entre eles, mas entre os produtos de seu trabalho (…). A existência
das coisas enquanto mercadorias, e a relação de valor entre os produtos de
trabalho que os marca como mercadorias, não têm absolutamente conexão alguma
com suas propriedades físicas e com as relações materiais que daí se originam…
É uma relação social definida entre os homens que assume, a seus olhos, a forma
fantasmagórica de uma relação entre coisas. A fim de encontrar uma analogia,
devemos recorrer às regiões enevoadas do mundo religioso. Neste mundo, as
produções do cérebro humano aparecem como seres independentes dotados de vida,
e entrando em relações tanto entre si quanto com a espécie humana. O mesmo acontece
no mundo das mercadorias com os produtos das mãos dos homens. A isto dou o nome
de fetichismo que adere aos produtos do trabalho, tão logo eles são produzidos
como mercadorias, e que é, portanto inseparável da produção de mercadorias."
(O capital - Karl Marx)
Fontes: [1]
MARX, Karl. "O capital", Volume I. Capítulo I: Mercadoria
pt.wikipedia.org/wiki/Fetichismo_da_mercadoria
7- Descreva um exemplo atual que expresse o que Marx
denominou "Fetichismo da mercadoria".
Dica: Créditos de carbono
" Pode a tecnologia criar desemprego? Do ponto de vista de teoria marxista a resposta é um claro ‘não’. Mas há aqueles que acreditem no contrário. No século XIX, o movimento luddista na Inglaterra culpava e destruía as máquinas por tirar o emprego de vários trabalhadores. No século XXI o pensamento, infelizmente, continua o mesmo: culpa-se a tecnologia pelo desemprego
É comum ouvir a afirmação de que o avanço da tecnologia e as novas máquinas estão roubando o emprego dos trabalhadores. Que estranho, pois não há relatos histórico até o presente momento de que qualquer máquina tenha caminhado por suas próprias pernas e entregado uma carta de demissão a um trabalhador. Por que então pensar que a máquina retirou o emprego do trabalhador? O avanço tecnológico faz um grande serviço às pessoas: aumenta a produtividade do trabalho. Pode-se produzir mais e melhor com igual ou menor quantidade de trabalho.
Quem demite o trabalhador é o patrão, e não a máquina. Quem, portanto, cria desemprego são os capitalistas. O progresso tecnológico, por si só, não tem o poder de aumentar o desemprego. Os capitalistas sim. Mas não é isso o que pensa o deputado Jesse Jackson Jr., democrata de Illinois:
O luddismo do século XXI na Inglaterra ou o neo-luddismo do século XXI são puros casos dofetiche da mercadoria. Confunde-se a forma social com seu suporte material. Toma-se como natural aquilo que é social. Assim, atribui-se à máquina o que é culpa do capitalismo.
Em uma sociedade socialista a tecnologia não aumentaria o desemprego, mas sim aumentaria o tempo dedicado ao lazer, já que pode-se produzir o mesmo com menos trabalho. A tecnologia seria bem-vinda para reduzir a jornada de trabalho. No capitalismo isso raramente ocorre. A regra é cortar custos e aumentar os lucros. Se não é lucrativo manter o empregado após comprar uma nova máquina, o trabalhador torna-se imediatamente redundante. O problema é o critério do lucro para decidir se o trabalhador continua empregado ou não.
Mais interessante ainda é ver o mesmo deputado Jesse Jackson Jr. culpar os trabalhadores chineses pelo desemprego dos trabalhadores norte-americanos! Aí já é demais. O problema é que esse pensamento é o mais comum nos EUA. Escuta-se este tipo de afirmação a cada esquina. Ao invés de culparem os capitalistas e o sistema pelo desemprego, culpam a tecnologia ou mesmo trabalhadores em outros países!"
Fonte: http://marx21.com/2011/08/03/luddismo-no-seculo-xxi-o-fetichismo-atualizado/
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